sábado, 24 de julho de 2010

Leonardo, Bruno & Marroni o Sertanejo Universitário & as três ondas da pirataria

Recentemente, no Programa do Faustão, o cantor sertanejo Leonardo comentou que a guerra contra a pirataria estava perdida e que estava abrindo uma editora para ajudar novos artistas a sobreviverem nesses novos tempos. Ponto para ele. Zézé di Camargo, ao contrário, esperneia e não admite a derrota. Os links para download de seu disco mais recente são os mais patrulhados e frequentemente são quebrados a pedido de sua assessoria.



Independentemente da diferença de postura entre os dois artistas, o que eles tem que admitir é que também eles, no inicio de sua carreira, foram beneficiados pela pirataria. Uma pirataria ainda embrionária, menos perigosa para os gráficos de lucros das gravadoras, mas mesmo assim pirataria.

Quem não lembra daquelas fitas cassetes vendidas nos camelôs? Foi o baixo custo para aquisição dos lançamentos através das fitas piratas que possibilitaram o estouro da música sertaneja no inicio dos anos 90.

Foi a primeira onda da pirataria.

A segunda onda foi na virada do século, quando o barateamento da gravação CDs - com a vantagem de manter a qualidade do original, o que não era possível com as fitas cassetes - possibitou o estouro de outra dupla sertaneja: Bruno & Marroni. Aqui cabe um detalhe curioso. O caso deles pode ser considerado o primeiro viral popular da história da música brasileira.

A dupla gravou um show acústico, voz e violão, ao vivo em uma rádio de Uberlândia. Alguém gravou e o CD passou a circular de mãos em mãos, até chegar nos camelôs. O sucesso foi tão grande que atraiu a atenção da Sony Music, que rapidamente tratou de regravar o repertório em estúdio, com poucas alterações e lançar nacionalmente.

E foi então que "Dormi na Praça" passou a ser ouvida e cantada aos berros de cabo a rabo no país, entrando definitivamente no cânone da música sertaneja. Menos de uma ano depois era gravado o primeiro DVD da dupla, com público gigante e que vendeu milhões de cópias.

O interessante é que aquele disquinho pirata de Uberlândia acabou por influenciar uma geração inteira de artistas que se beneficiariam com a terceira onda da pirataria. A geração? O sertanejos universitários e a terceira onda, o mp3 e os downloads. Que não reste dúvida, se hoje em dia é possível encher um parágrafo inteiro com nomes de duplas e cantores de sucesso, é por causa da gratuidade em adquir músicas através da Internet. Vejam:

Victor & Leo, César Menotti & Fabiano, João Bosco & Vinicius, Fernando & Sorocaba, Luan Santana, João Carreiro & Capataz, Maria Cecilia & Rodolfo, Jorge & Mateus, João Neto & Frederico, Guilherme & Santiago, Michel Teló, Zé Henrique & Gabriel, Eduardo Costa, Hugo Pena & Gabriel...

E que também não reste dúvida, ninguém dessa lista está faturando nada com venda de discos, mas seus nomes são conhecidos pela população, suas músicas são escutadas e suas agendas de shows estão lotadas.

A sobrevida das gravadoras por enquanto está garantida, com contratos de parcerias com os artistas. Elas trabalham em cima da divulgação, enquanto obtem parte do lucro dos shows. O que acontecerá com elas quando uma quarta onda da pirataria surgir não se sabe, mas o que parece definitivo é que tantos os cantores quanto o público tem futuro garantido no que diz respeito a consumir música.

Parece uma utopia cultural? Vai ver é e estamos felizes e nem sabemos.
http://musicaoriginalbrasileira.blogspot.com/

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@Polianarocha

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