Boa parte dessa história está contada no livro “
Bem Sertanejo“, mas vale trazer esse assunto pra cá.
Recentemente, em entrevistas sobre o lançamento do livro, me perguntaram algumas vezes se o quadro “Bem Sertanejo”, do Fantástico, havia sido proposto pela equipe do Teló ou pelo Fantástico.
Por mais que eu imagine que boa parte dos leitores saiba disso, a pergunta mostra que não é tão claro ainda pra muita gente.
O quadro foi pensado e apresentado, sim, pelo escritório do Michel, aceito pelo Fantástico, e produzido em parceria. A ideia de um projeto sertanejo vir de fora e a Globo topar não é exatamente uma novidade.
Nem todos se lembram do ano exatamente, mas há 20 anos, em 1995, estreava o especial “Amigos”.
E, diferentemente do que muitos pensam, o projeto saiu da cabeça dos próprios artistas.
Embora as carreiras das três duplas estivessem em ótimo momento, havia uma conversa de bastidores que gerou preocupação nos cantores: a emissora, segundo se ouvia por aí, pretendia dar mais espaço a outros gêneros, diminuindo um pouco a exposição dos sertanejos (que era grande). Naquele momento, o axé começava a surgir nacionalmente com bastante força.
Reunidas, as três duplas decidiram que era o momento de unir as forças. Pensaram em um mega show, pra impressionar, bancariam do próprio bolso, e entregariam tudo pronto pra Globo. Se ela não topasse, iriam tentar outra emissora.
Para dirigir o projeto, escolheram Aloysio Legey, diretor da emissora.
Zezé explica: Chitão e o Xororó sugeriram o Legey pra dirigir, que tinha dirigido um show deles. O Legey falou: “Posso ajudar, mas só posso dirigir se for exibido na Globo. Posso mostrar pro Boni?” O Boni ainda era diretor da Globo. Ele chegou no Boni e disse “Esse é o projeto deles e eles vão fazer de qualquer maneira. A Globo comprando ou não, eles vão fazer por conta deles”. E o Boni respondeu “Nem ferrando que isso aqui vai sair da minha mesa. Fala pra eles que a Globo vai bancar tudo. É da Globo”. O nome “Amigos” veio do Legey.