sexta-feira, 11 de junho de 2010

Leandro, Leonardo e os jovens...

As três duplas dos "Amigos" viraram um símbolo dos anos 1990, mas Xororó e Zezé di Camargo, especialmente, costumam ser colocados em um patamar acima dos outros, por suas qualidades vocais e conquistas pessoais.

Curiosamente, no entanto, os donos do disco mais vendido da música sertaneja são Leandro e Leonardo, como comentado aqui recentemente.

Mais curioso ainda, é que Leandro e Leonardo têm dois discos entre os dez mais vendidos do Brasil, e nenhum outro sertanejo aparece na lista (sim, o de 1998 aparece na lista muito por conta dos acontecimentos com Leandro).

Sem comparar a qualidade musical das três duplas (Chitão e Xororó, Zezé e Luciano e Leandro e Leonardo) - mesmo porque as três chegaram ao topo com seus méritos próprios -, Leandro e Leonardo trilharam caminhos diferentes.

Um desses caminhos foi o de aproximação com os jovens, e é desse que a postagem trata hoje.

Eles foram os cantores sertanejos daquela época que derrubaram a rejeição dos jovens com artistas que vinham da roça (ou do campo, como queiram).

A vestimenta era mais discreta, os cabelos eram cortados, a forma de cantar era mais comedida, os nomes eram mais comuns e Leonardo era o galã da turma.

Somado a esses detalhes, o repertório, que além das canções tristes e apaixonadas, trazia novidades.

Em uma entrevista com César Augusto, produtor da dupla, ele me disse o seguinte: "a gente resolveu pensar em coisa nova e eu meti uns teclados fortes, umas distorções, um vocal atrás, influências que eu trouxe de fora do sertanejo. Coloquei bateria, solos de guitarra. Era completamente diferente do que a gente ouvia na época. Aí, você passava na rua, tinha um garotão numa caminhonete, com o vidro aberto escutando Leandro e Leonardo no último."

Para usar um termo comum hoje em dia, Leandro e Leonardo tinham elementos que o pessoal gosta de chamar de "pop". O próprio César Augusto, na continuação dessa resposta, disse que usava influências muito claras de Beatles e Simon and Garfunkel.

E a lógica do estrondoso sucesso deles não é tão difícil de entender: junto das letras bonitas, como "Desculpe, mas eu vou chorar", músicas menos sentimentais e mais descontraídas, acompanhadas de arranjos "modernos" (Entre tapas e beijos, Paz na cama, Cadê Você), como citou o César Augusto.

A aproximação com o jovem, na qual se sustenta o sucesso dessa geração de novos cantores, foi uma das importantes conquistas de Leandro e Leonardo durante a carreira. A expressiva venda do disco de 1990 mostra que o repertório foi de um ecletismo que poucas vezes conseguiu ser repetido.

Essas características de Leandro e Leonardo mostram que tentar algo diferente, mesmo com um modelo muito claro a ser seguido, pode dar mais certo do que se imagina, e isso pode ser aplicado em qualquer época, inclusive no cenário atual.

No novo DVD da dupla João Bosco e Vinícius, Leonardo participa cantando "Deixaria tudo", um de seus primeiros sucessos da carreira solo.

O vídeo mostra Leonardo se apresentando para um público predominantemente jovem, o mesmo que ele havia conquistado, ao lado do irmão, vinte anos atrás.

A apresentação pode ser conferida abaixo.





http://universosertanejo.blog.uol.com.br/

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